quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Filosofia e Teologia

No cerne do sistema tomista há a distinção entre a teologia natural e a teologia revelada. A primeira vem da experiência sensível e da atividade da razão; a segunda, da fé, da graça divina e das Escrituras. O objetivo das duas, porém, é a apreensão de Deus. Quanto às relações entre filosofia e teologia, entre razão e revelação, Santo Tomás diferencia essas duas ordens de conhecimento, alegando que a filosofia é conhecimento e demonstração racionais, que parte de princípios evidentes e chega a conclusões inteligíveis; e a teologia é fundada sobre a revelação divina, que é indubitável. São, pois, ordens distintas do saber. No entanto, a revelação continua sendo o critério de verdade: se houver contradição entre revelação e filosofia, esta será falsa, fruto de uma razão que perdeu o rumo. Caberá ao filósofo reencontrar o caminho racional para chegar à verdade.

Com efeito, Santo Tomás começa distinguindo entre filosofia e teologia para, depois, estabelecer a harmonia e conciliação entre ambas. O fundamento da diferenciação tomista entre os campos da filosofia e da teologia é a distinção entre a ordem natural e a ordem sobrenatural. Tais ordens, apesar de distintas, não são opostas ou contraditórias, mas complementam-se harmonicamente, pois a graça não destrói a natureza; antes, a eleva e aperfeiçoa, já que a razão humana é um reflexo da própria razão divina. Por isso Santo Tomás distingue dois tipos de conhecimento: o natural, que procede da capacidade natural da razão humana e cujo resultado é a filosofia, que tem suas leis e métodos próprios, possuindo o caráter de verdadeira ciência; e o sobrenatural, que não procede da razão humana, mas da revelação divina.

Entretanto, esses dois tipos de conhecimento (o da razão e o da fé) têm a mesma origem: Deus. Por isso não pode haver entre eles contradição intrínseca, pois são apenas modos diferentes de participação numa mesma verdade, sendo evidente para o cristão que as relações entre ambos devem ser de subordinação do conhecimento racional ao obtido pela revelação.

A revelação e a filosofia são completas e autônomas em seus respectivos campos de saber. Contudo, podem beneficiar-se mutuamente, e dessa colaboração harmônica entre razão e fé resulta uma nova ciência, tipicamente cristã: a Teologia.

Para Santo Tomás, existem dois tipos de teologia: uma, puramente racional, elaborada autonomamente pela filosofia, e outra, cristã, resultante de colaboração entre razão e a fé. A teologia cristã é uma ciência divina, o que não compromete seu caráter científico.

Fonte de pesquisa: "Diamante do Saber - introdução ao estudo de filosofia"
Organizador: Ronaldo Rocha

Aldo César dos Reis Borba Júnior

domingo, 14 de dezembro de 2008

O princípio de identidade (Aristóteles)

Como ciência (epistéme), isto é, como conhecimento necessário e universal, a filosofia distingue-se da opinião (doxa), que varia de acordo com as situações, os sujeitos e as mudanças da realidade. A garantia de um saber verdadeiro está na possibilidade de sua demonstração a partir de um outro conhecimento já demonstrado como verdadeiro. Esse processo seria levado ao infinito, impossibilitando a ciência, se o homem não pudesse perceber como imediatamente evidentes algumas verdades que, por isso mesmo, dispensam demonstração e são consideradas axiomas. A folosofia encontra-se no princípio da não-contradição sua verdade axiomática fundamental. Segundo esse princípio, é impossível que o mesmo atributo pertença e ao mesmo tempo ao mesmo sujeito, e na mesma relação.

Fonte: "Diamante do Saber - introdução ao estudo de filosofia"
Org. Ronaldo Rocha

Aldo César dos Reis Borba Júnior

domingo, 7 de dezembro de 2008

Amor pelo Saber (Introdução)


De origem grega, a palavra "filosofia" (philosophia) significa etimológicamente "amor à sabedoria". O termo foi empregado pela primeira vez por volta do século VI a.C. por Pitágoras (c.580-497 a.C.), que, além de matemático, se dizia "filósofo": isto é, um amigo e amante do saber.Segundo historiadores, a Filosofia nasceu na cidade de Mileto, no final do século VII e início do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto (c. 625-558 a.C.). Tanto ele como todos os outros pensadores helênicos (gregos), com algumas exceções, começaram com a indagação: o que é a realidade? Por essa pergunta, principia o pensamento racional humano e a própria Filosofia, que apresenta um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia, isto é, um conhecimento recional da ordem do mundo ou da Natureza (physis).A Filosofia teria nascido pelas transformações que os gregos impuseram ao conhecimento: da agrimensura (egípcios), fizeram surgir a aritmética e a geometria; da astrologia (caldeus e babilônicos), teriam feito nascer a astronomia e a meteorologia; dos mistérios religiosos de purificação da alma (orientais), fizeram surgir as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da alma humana. A Filosofia é grega no sentido de que possui características desenvolvidas por outros povos e culturas.

fonte: "Diamante do Saber - introdução ao estudo de filosofia" Organizador: Ronaldo Rocha