sábado, 5 de setembro de 2009

Operários do interno

Operários do interno


Na atualidade e em todos os tempos da história humana, o termo trabalho é empregado para designar uma ação externa do homem ou de algo que possa fazer com que alguma matéria se transforme ou simplesmente seja movida. Essa palavra nos faz lembrar as lutas operárias e das grandes revoluções que afetaram não somente o modo pelo qual as coisas são transformadas ou movidas, mas também todo o modo de viver e pensar do ser-humano.
O trabalho proporcionado pelas mãos humanas evoluiu-se a tal ponto de ser substituído por mãos de aço que não se cansam, não sentem fome, nem dor, principalmente a dor.
Toda a evolução desse trabalho pode ser caracterizada por um fator predominante na época em que vivemos: a comodidade.
O homem não precisa mais utilizar as suas próprias mãos para plantar a semente, e com um simples “apertar de um botão” faz com que toda a sua terra esteja semeada com os melhores grãos. Isso é comodidade.

Trabalhar a terra, o ferro, a madeira; transformar as coisas denominadas “matéria-prima” em instrumentos de praticidade tem sido uma das maiores conquistas da humanidade.
Na tumultuada situação trabalhista em que vivemos, o homem esqueceu-se de uma coisa simples e necessária. No meio de tantos desafios tecnológicos, evolutivos e financeiros, principalmente financeiros, a pessoa humana se esqueceu de trabalhar a si própria. Isso é comodidade.
Diante de uma constante e caótica correria do dia-dia; diante do turbulento barulho do trânsito, das máquinas ensurdecedoras que se abrigam não muito longe dos nossos ouvidos, daqueles que assaltam o nosso silêncio e fazem com que abandonemos o nosso pensamento que incansavelmente tenta procurar um oásis calado e sereno; diante de um mundo que não permite que o homem pare, contemplamos uma situação complicada.

O homem tem trabalhado muito em meio a tantas construções, obras magníficas com formas que desafiam a gravidade, porém, não é capaz de parar. Parar para si, para o outro e para Deus.
O ato de parar, não implica que o homem deva deixar de trabalhar, pelo contrário, é quando ele pára, que pode então iniciar outra obra. Uma obra que não é feita de concreto, não se usa aparelhos ou tecnologia, não se precisa das máquinas. É quando o homem silencia sua voz e suas ações externas, para falar e trabalhar o interno, o principal. É quando ele se torna um operário interior.

Quando o operário externo se torna um operário do interno, inicia o percurso da via do silêncio, e chega a um deserto árido no qual se pode avistar as ruínas de seu castelo interior.
Deseja chegar ao castelo, mas percebe a dificuldade imposta pelo deserto, e aos poucos vai caminhando; um peregrino espiritual, que caminha no mais profundo de seu ser, um caminheiro no deserto de suas próprias limitações, fragilidades e dificuldades. Um operário rumo à obra mais importante de sua vida. Um trabalhador.

O operário do interno atravessa o deserto e supera a aridez bebendo da fonte que jorra cristalina no coração de sua fé.
Quando ele começa a construir as colunas de seu castelo ou de sua simples morada espiritual, que são feitas com tijolos de silêncio apanhados num deserto distante, ele faz de si um novo operário, um construtor de moradas interiores.
Ele não é mais um “mestre-de-obras”, um arquiteto da aparência. O barulho do mundo, as imposições da realidade e o externo que o rodeia não mais impede que o seu silêncio trilhe a estrada que leva ao seu castelo.
O trabalho não deve ser apenas uma atitude física que proporcione uma imagem visível; o trabalho do homem deve, antes de tudo, transformar, lapidar e dar brilho aos tijolos de seus castelos interiores ou de suas simples moradas espirituais.
E assim, o trabalho do mundo externo é diluído pela estrada do silêncio, onde passam por ela muitos operários, operários do interno.


Aldo César dos Reis Borba Júnior
Seminarista Diocesano

2 comentários:

Liturgia disse...

Creio que muito se tem pensado no avanço...na invenção...mas pouco se promove pelo crescimento humano...Cada vez mais uma evolução distante da Ética...Usando um termo bastante "clichê": se pensa mais no TER do que no SER.

Muito bom o texto.

KARLINHA CDAFMSE disse...

nussssssss maninho gostei pra caramba do texto expressou de forma clara o q o ser humano vive nos dias de hj gostei dessa parte de ser um operario interno e olha q nao é facil perceber q em meio aos escombros interiores da pra se encontrar parte do q tenha sido um castelo e refaze-lo novamente com uma base mais solida e melhor ainda de aparencia,mais tudo isso é claro se em meio a correria soubermos trabalhar tbm o q há de melhor dentro de nós....Deus abençoe vc